quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Bagaço de cana-de-açúcar vira papelão


FONTE: http://www.setorreciclagem.com.br/


Reciclagem de cana de açúcarDesde 1992, no Ceará, o bagaço de cana-de-açúcar, proveniente da fabricação de aguardente compõe a matéria-prima para a produção de papel e papelão, num exemplo de sustentabilidade posto em prática pela Pecém Agroindustrial, do Grupo Ypióca. A unidade fabril, localizada em Pindoretama, produz 1.500t mensais de bobinas de papel e caixas impressas, empregado 170 pessoas.

"Utilizamos o bagaço em todos as empresas do grupo: como componente na fabricação de papel, ração animal, geração de vapor para energia, adubo orgânico e briquete", afirma o empresário Paulo Neto. A reciclagem do bagaço deu tão certo que a produção de papel está toda vendida. "Ficamos com 25% e comercializamos o restante no Ceará, Rio Grande do Norte, Piauí e Maranhão", comenta.

Falta incentivo
O Ceará recicla, hoje, cerca de 14 mil toneladas por mês de itens como plásticos, papel, papelão, metal e ferro, entre outros, resultando numa movimentação financeira de R$ 39 milhões. O número poderia ser maior, não fosse a "falta de incentivos fiscais para as empresas recicladoras",  avalia Marcos Augusto Nogueira de Albuquerque, presidente do Sindicato das Empresas de Reciclagem de Resíduos Sólidos, Domésticos e Industriais do Estado (Sindiverde). O setor aguarda, há um ano, a sanção governamental do projeto de lei que reduz a alíquota do Imposto sobre  Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) de 17% para 7%.

Com 104 regularizadas e boa parte na informalidade, as empresas de reciclagem geram cerca de quatro mil empregos formais no Estado. "Fora  os postos de trabalho que a gente movimenta na cadeia, pois só existe o catador e o "deposeiro" porque existem as empresas que compram o lixo e reciclam".

Pedro Paulo Carrero, assessor comercial do Sindiverde, comenta: "existe uma noção errônea de que o mundo das recicladoras é autossustentável". "Mesmo que o lixo seja dado de graça, para a empresa, a reciclagem é uma operação muito dispendiosa", pontua.

De cada mil toneladas de lixo recolhido, aproveita-se apenas a metade. "O material vem muito sujo, misturado. Ele reforça que "as indústrias ficam com o prejuízo do lixo, que só passa a ser resíduo sólido reciclável quando é tratado".

Para Marcos Albuquerque, a Política Nacional de Resíduos Sólidos ainda trabalha numa visão equivocada das recicladoras. "A PNRS dá mais ênfase aos catadores e associações. Não adianta tratar de forma isolada o catador, as cooperativas, os deposeiros e as recicladoras. Se a cadeia não for trabalhada, de nada adiantam as regras".

Conforme Albuquerque, o setor no Estado carece de pessoal qualificado, máquinas e equipamentos mais modernos, processos de trabalho e, o principal, matéria prima de melhor qualidade. "O parque industrial é muito defasado", resume.

Na sua avaliação, faltam linhas de crédito para financiar equipamentos novos. "Para se ter uma ideia, empresas do Sul reciclam, com uma máquina, mil quilos de lixo por dia, ao passo em que as daqui, com os equipamentos obsoletos, reciclam 300 quilos diários, gastando mais energia e com a mesma quantidade de funcionários", revela. Sem recursos e tecnologia, o Ceará manda para fora resíduos recicláveis como embalagens de longa vida, vidro, material elétrico e eletrônico - o chamado lixo rico.

PROJETO PILOTO

Ecoponto da Varjota começa a funcionar
A falta de institucionalização da coleta seletiva de resíduos sólidos faz crescer, em Fortaleza, o número de pontos de lixo. Basta uma rápida circulada pelas ruas e avenidas, principalmente dos bairros periféricos, para constatar canteiros e calçadas servindo de depósitos de lixo. "Fortaleza é uma das poucas capitais em que a população joga lixo em qualquer lugar", constata Hugo Nery, diretor geral da EcoFor, concessionária responsável pela limpeza urbana da Capital.

Com a finalidade de dar um basta nesses pontos de lixo, encontra-se em funcionamento o primeiro Ecoponto de Fortaleza, na Rua Meruoca, na Varjota, na Secretaria Executiva Regional (SER) II. "Estamos analisando terrenos disponíveis em outros bairros e no Centro", projeta Hugo Nery,  explicando que a proposta é estender a experiência as outras cinco regionais. "Queremos ver a resposta da população".

O Ecoponto Varjota, projeto piloto que funciona das oito às 16 horas, tem capacidade para receber pequenos volumes (até 100 litros ou 50Kg) de resíduos de construção (entulho) e podas. A população precisa ser consciente de que não se trata de ponto para receber lixo doméstico, lixo industrial ou descarrego de grandes geradores.

Conforme Hugo Nery, o local vai receber resíduos oriundos de uma reforma doméstica, por exemplo. Os grandes geradores devem contratar uma empresa particular e não "jogar clandestinamente", critica, afirmando que "não podemos oficializar o grande gerador".

Primeiros passos
"A coleta seletiva já existe, mas não no nível desejado", responde Deodato Ramalho, titular da Secretaria do Meio Ambiente e Controle Urbano (Semam), ao ser indagado sobre o porquê do Município ainda estar ensaiando os primeiros passos da coleta seletiva. Na falta de uma ação do poder público, o trabalho acaba sendo feito pelos catadores que sobrevivem da renda gerada a partir de um mercado informal, marcado pela exploração. Ele destaca iniciativas pontuais, como os Ecopontos, coleta seletiva em 150 condomínios e estabelecimentos comerciais. "Não diria  que o número é pequeno, mas que é um começo", diz Hugo Nery.

fonte: Diário do Nordeste
Samira de Castro / Iracema Sales
Repórteres

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